Mera questão de formalidade – Crônicas do Brasileirão (38/38)
Fortaleza 3×0 Inter. Uma tarde pra esquecer com um Colorado em ritmo de férias sendo goleado na capital do Ceará e, assim, encerrando sua participação no Brasileirão
Foi uma semana ruim. Encerrar o nacional com três derrotas seguidas depois de 16 jogos invicto é, por óbvio, uma coisa bastante ruim e problemática. Mas, o sentimento de folia e oba-oba (e nem falo da “vidente” Jandira) que as transições para 2023 e 2024 nos colocaram que isto não haverá de se repetir em 2025. Por um lado, a pressão pode começar a – no médio prazo – a minar o (até aqui, bom) trabalho de Roger Machado mas, por outro, o sentimento para começar o próximo ano é de seriedade.
Seriedade para entender que falhas como a de Rochet no primeiro gol do Fortaleza são complicadas demais. Com noção e concentração suficientes para não pedir o empalamento automático do goleiro uruguaio ou de qualquer outro na meta vermelha que faça patacoada igual. Em jogo valendo laranjas (e dois milhões de reais a mais pela 4ª posição no nacional), a gravidade do cenário até diminui, mas não quita a necessidade de prestar mais atenção na saída de bola. No segundo gol, não dá pra fazer que nem Clayton Sampaio fez acreditando que o gramado lhe ajudaria no bote ao invés de prejudicá-lo. Moisés, que sabia do atalho, não perdoou e fez o segundo. Tudo isto, porque foi uma atuação ruim como um todo.
Não por acaso o Fortaleza conseguiu fazer algo similar ao que o próprio Inter fez com o Palmeiras, já campeão, em 2022, na última rodada jogando no Beira-Rio. É necessário sempre louvar campanhas relevantes e, no caso do Leão do Pici – que também foi pré-candidato ao título brasileiro em certos momentos -, é o mesmo por também querer mais, pensando também na final perdida da Sul-Americana em 2023. E isso nos acometeu também porque a desmobilização foi um fenômeno real, e não existe corda esticada ou esforço extra sem incentivo real para brigar por algo. O efeito financeiro de terminar em quinto pode ser criticado de acordo com as metas financeiras de um clube em situação delicada como o Inter, mas em vias gerais o efeito é praticamente o mesmo da quarta posição – uma mera questão de formalidade de ser ou não G4 -.
O que vale é entender os motivos de nossos calcanhares terem sido mordidos agora, ainda em 2024, por Flamengo, Botafogo e Fortaleza para evitar que eles sejam “estreados” já no início do ano seguinte por Grêmios, Caxias e Juventudes da vida nas semifinais do Gauchão como foi a nossa vida de 2022 até agora. Uma “vacina” não faz mal a ninguém e serve como um alerta razoável para conseguirmos voltar a conquistar o Rio Grande do Sul após estes nove anos sem ganhar o estadual. É importante estar desperto e entender o que passou e o que passa para construir melhor o que nós queremos passar no futuro próximo.
Agora terminada a temporada também darei um tempo das escritas aqui na Coluna do Lumertz. Em sete semanas estarei de volta escrevendo sobre o Gauchão em colunas semanais (e não jogo a jogo como foi para o Campeonato Brasileiro). E esta foi a última coluna da série Crônicas do Brasileirão – iniciada no Medium e concluída aqui no site da Casa da Luz Vermelha – em 2024. O tetra não veio (nem o nosso, nem o deles), mas espero eu ter a sagacidade, as referências e o apoio de todos que em algum momento se dispuseram a tirar alguns minutos do seu dia para ler uma ou mais das 35 colunas que foram publicadas (as outras três vão para os meus livros no futuro hehehe).
Agradeço de coração a todos pelo carinho e quem sabe em 2025, quando teremos as bodas de ouro do gol iluminado de Don Elías Figueroa sobre o Cruzeiro que fez brilhar a nossa primeira estrela do Brasil, nós possamos finalmente nos livrar deste jejum maldito que nos acomete há 46 anos. Muito obrigado e até mais!
Tiago Pereira Lumertz