Nem com dois a mais – Gauchão 2 em 1 (11/02/2025)

Nem com dois a mais – Gauchão 2 em 1 (11/02/2025)

Grêmio 1×1 Inter. Um clássico cheio de polêmicas, pegadinhas e um escalpelo ao Inter feito pela arbitragem.

A 5 alvirrubra devidamente representada por Fernando (cen.) após marcar o gol de empate na Arena [08.02.2025] (Foto: Internacional/divulgação; Disponível em: flickr.com)

A diferença por dois historicamente tem seus efeitos. Como rezou a lenda durante muitos e muitos anos, teriam sido duas polegadas a mais de quadris que tiraram a coroa do que seria a primeira Miss Universo brasileira da baiana Martha Rocha em 1954. Nove anos depois, porém, a gaúcha Ieda Maria Vargas conquistaria o prêmio inédito ao Brasil e o título de mulher mais bonita do mundo. Talvez nas tolices corriqueiras de Luciano Hocsman e da chefia da arbitragem da FGF um dos quadros preferidos da arbitragem de vídeo merecesse o prêmio de melhor VAR do universo. Porém, o contrário para Daniel Bins seria muito mais preciso.

A capacidade que este cidadão tem em acabar com espetáculos é de causar inveja aos maiores odiadores de circos, balés, orquestras e, sobretudo, jogos de futebol. Já a incapacidade dele em não se conter e agir como torcedor tendo a ferramenta da arbitragem em vídeo é uma coisa que prejudica não apenas o esporte dentro do campo mas também estimula as tensões fora dele também. É um comportamento irresponsável e que catalisa o que há de pior, e uma atitude canalha em fazer isso (supostamente) de forma deliberada.

Todavia, isso não há de isentar de forma alguma a atuação cheia-de-si de Rafael Klein. Para um primeiro GreNal, demonstrou-se envaidecido demais nos microfones, autoritário demais em campo, se escondendo do jogo detrás do apito. Pois, querendo ou não, ele estragou o jogo na expulsão de um dos auxiliares de Roger Machado. Já que só na terra da jabutchêcaba há uma regra que se um auxiliar é expulso, o treinador não pode continuar à beira do gramado. Como medida protetiva ao nível raso e cada vez pior da arbitragem gaúcha, que vive de arroubos autoritários que nem os de Klein, é ótimo; para o jogo em si, uma merda.

Mesmo assim, o auxiliar Adaílton Bolzan segurou a bronca. O Inter teve momentos melhores em campo, mas faltou um nível de acerto melhor de Bernabei e Wanderson pelos lados do campo. Wesley jogou bem no tempo que esteve, mas perdeu um gol que em clássico não se desperdiça. Borré no segundo tempo também. Mas na bipolaridade da qualidade de Braian Aguirre, os bons momentos dele no lado direito desestabilizaram o Grêmio.

O Inter foi o único time que demonstrou capacidade de ganhar no GreNal 444. Mesmo com as tentativas mil de engatar contra-ataques, a equipe de Gustavo Quinteros ficou aquém das atuações que fizeram colorados encherem o saco nas redes sociais dizendo que a direção azul foi “criativa”. Não à toa o mundo real foi mostrado ao argentino que, depois do gol de Martin Braithwaite com assistência remota do já citado Daniel Bins, menos de dois minutos depois viu Fernando dar um cabeceio certeiro que Gabriel Grando nada poderia fazer. Uma reação rápida e à altura do que o jogo precisava. Tanto no mental quanto no placar.

Antes de terminar essa análise, faço um pedido encarecido aos leitores independente da cor da camisa: parem de tentar comparar um camisa 10 que vêm sendo forçado como craque diuturnamente há quase três anos que nem o Franco Cristaldo com um jogador diferenciado como é o Alan Patrick. O nosso 10 foi bem marcado e por isso não foi tão bem? Sim, correto. Mas deu uma assistência primorosa pro gol de empate do primeiro volante colorado, que foi subestimado em relação ao Villasanti (que ainda tem muito feijão pra comer pra chegar no nível dele) e ao Dodi (cuja paixão da crítica por ele nem a ciência tampouco a religião explicam).

No mais, nem com dois a mais e com um ambiente favorável de voltar a jogar um clássico em casa [carece de fontes] depois de quase dois anos o Grêmio conseguiu nos vencer. Mas se faz incrivelmente necessária uma mudança comportamental coletiva na torcida do Internacional, em especial para este Gauchão. Precisamos todos nós pararmos de ficar nessa querela ridícula de querer dizer “eu avisei” quando a direção não faz a pressão que Fulano ou Beltrano pede e cujo condicionamento começa em influencers e ex-dirigentes do lado rival. Os do nosso lado ajudariam muito em contrapartida se ao invés de discutir o sexo dos anjos e/ou ficarem fazendo duzentas sugestões de jogadores por semana – para se orgulhar em ser o “pai da criança” posteriormente – fizessem algo que preste pelo clube. Porque afinal, defender o vermelho é a principal razão de torcermos pelo Internacional. Ainda mais com essa esperança de levarmos esse troféu para o Beira-Rio.

Tiago Pereira Lumertz

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