Eu já s46ia! – Gauchão 2 em 1 (23/03/2025)

Eu já s46ia! – Gauchão 2 em 1 (23/03/2025)

O elenco colorado celebra com seu capitão Alan Patrick (cen.) a conquista do Campeonato Gaúcho no Beira-Rio [16.03.2025] (Foto: Internacional/divulgação; Disponível em: flickr.com)

Inter 1×1 Grêmio. Com um golaço de Enner Valencia, a 46ª taça do Gauchão veio e ficou no Beira-Rio. E octa só tem um.

O Inter plantou trabalho e colheu título. Essa é a síntese dos doze jogos que o Colorado teve ao longo do Gauchão nos 53 dias entre o empate com o Guarany em Bagé até o empate no GreNal que coroou esta tão esperada taça confirmando outra vez a soberania colorada no Rio Grande. Apesar do torneio ser de “tiro curto” a tensão de voltar ao universo das conquistas – e, de quebra, impedir o Grêmio de alcançar um octacampeonato consecutivo que só o Inter teve a primazia de tê-lo – era algo muito pesado até cerca de 18h10 do domingo passado, de sol com clima agradável após tantos calorões, em Porto Alegre.

Quando Marcelo de Lima Henrique encerrou a partida, foi um período de sofrimento e muitas cicatrizes que findou junto. 8 anos e 10 meses, 462 semanas, 3.234 dias que pareciam não acabar mais e que faziam questionar a sanidade do torcedor pensando em quando ganharíamos de novo. Foram derrotas doloridas e de todas as maneiras. Mas era necessário mudar de tom e o risco de perder o monopólio da sequência histórica pendeu os esforços para isto, de forma consciente ou não.

Para o título virar realidade, além dos esforços na capacidade dos jogadores, o terreno foi planificado por grandes figuras que apareceram no extracampo. Pelo presidente Alessandro Barcellos, que exigiu isonomia por parte da arbitragem e também em reunir nomes políticos fortes do clube a fim de demonstrar que havia um condicionamento excessivo do coirmão à FGF. Pelo coordenador Andrés D’Alessandro, que teve a coragem necessária para incendiar o vestiário e de colocar o dedo na cara dos dirigentes da FGF e dizer que não havia isenção de árbitros como Daniel Nobre Bins.

Também pela postura do vice de futebol José Paulo Bisol em ser o porta-voz da direção ante as tensões extracampo do Gauchão e na conclamação da torcida. Pelo executivo André Mazzuco, que negociou a permanência de Bernabei e as contratações de Vitinho, Carbonero, Ronaldo, Victor Gabriel e cia. para aumentar a qualidade do elenco. E, finalmente, pelo preparador Paulo Paixão e pelo nosso técnico Roger Machado que constituíram uma tenda poderosa no grupo colorado para que pudéssemos sair vencedores.

Com tamanho preparo, no campo o Inter imperou. Os jogadores entenderam o recado e que era necessário demonstrar que, enquanto desafiantes, haveria de se esforçar em dobro para vencer. Houve muito menosprezo, muita merda falada da boca pra fora de identificados do coirmão (e em parte, dos nossos também em menor escala, justiça seja feita) e isso contaminou o debate. Por outro lado, nunca houve uma hora tão boa para calar tantas latrinas em forma de boca.

Este foi o caso de Enner Valencia, por exemplo. Desde Ijuí, o camisa 13 apareceu e resolveu botar a bola debaixo do braço três vezes. Contra o São Luiz, contra o Caxias no Beira-Rio e no domingo passado. Poucos são os capazes de colocar na gaveta uma bola como o equatoriano. Com um nível de agonia do jogo apresentado, mais ainda. Mas ele não seria nada sem a capacidade decisiva de Anthoni na meta, das duplas Vitão e Victor Gabriel na zaga e Fernando e Bruno Henrique na volância. E os pares, na mente de Roger Machado, se fecham também entre os laterais e pontas, com Aguirre e Vitinho pela direita e Bernabei e Carbonero pela esquerda. Mesmo Alan Patrick e Borré ou Enner também se acompanharam muito bem e o grupo demonstrou a coesão necessária para se sustentar.

A grande memória desta nova conquista será marcada eternamente pelo balaço de falta que Enner Valencia acertou no Beira-Rio. Mesmo com o empate do rival após (e em um lance polêmico cujo VAR não achou um impedimento que pendia mais para o sim do que o não), a vantagem tornou-se intransponível e o tempo – mesmo passando devagar – pendeu em sua integridade para a nossa vitória. Porém tudo isso agora virou parte da história de uma retomada vencedora.

O Inter venceu o Gauchão com méritos indiscutíveis, apesar da enorme choradeira e tentativa de condicionar, que expôs muito mais medo do que força. Um título invicto que não vinha desde 2009 no certame e que é um sinal de glória que pode despertar outras vitórias maiores seja na Copa do Brasil, no Brasileirão ou na Libertadores. A rotina do “quarta-domingo” vai testar um elenco que é coeso, e também desde já, campeão. O que dá vazão para oscilações e uma reflexão que fuja do ciclo que nos levou a nove anos sem taça. Todavia, o que há é felicidade!

Que grande festa proporcionou o Internacional ao seu torcedor! Que alegria poder gritar É CAMPEÃO em viva voz na nossa casa para todo o Rio Grande ouvir! A senda de vitórias já é a nossa estrada e nela queremos seguir. Saudações coloradas e até os próximos textos! (E espero que não tão atrasados que nem esse! Hehehe)

Tiago Pereira Lumertz

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